Pois não é que voltamos a discutir o tema censura!
Pois é.
Façamos o possível para resistir aos retrocessos propostos pela extrema-direita,
muitos dos quais tivemos a triste oportunidade de experimentar durante os
quatro anos de governo Bolsonaro, de nefasta lembrança.
Mas... É muito importante saber onde estamos pisando.
Que notícias envolvendo a extrema-direita brasileira ouvem-se
cotidianamente?
O genocídio Ianomâmi... Falsificação de carteiras de vacinação... Roubo e
expatriação de joias pertencentes ao Estado brasileiro... Indiciamentos e
condenações de golpistas, financiadores e atores, em razão do ocorrido em 8 de
janeiro... Aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral a inelegibilidade de Jair
Bolsonaro por crimes eleitorais... Indiciamento iminente de vários integrantes
do clã Bolsonaro por crimes diversos, para além da tentativa de golpe...
Recrudescimento da violência policial em SP, no governo Tarcísio... A comprovação
do uso dos CAC para desvio de armas para o tráfico de drogas e para as milícias...
Fraudes nos programas sociais... Avanços no caso Marielle, apontando
responsabilidade de políticos e milicianos cariocas... O envolvimento comprovado
de militares e do Presidente Bolsonaro na articulação do golpe de estado... A
descoberta da existência de uma ABIN paralela, investigando e espionando desafetos
do governo Bolsonaro... As aquisições suspeitas e superfaturadas de blindados desnecessários,
para a PRF, pelo ex-comandante bolsonarista Silvinei Vasques, hoje preso... Que
metade dos parlamentares do PL foi alvo de denúncias à Justiça... E outras
tantas do gênero, que brotam a cada dia nos noticiários.
A par disso, o governo Lula segue com níveis satisfatórios de aprovação.
Apesar dos obstáculos impostos por um Congresso dominado por opositores,
o governo fez o país crescer 2,9% em 2023, ante uma expectativa de 0,9%... O
nível de emprego melhorou... A inflação caiu... Aprovou-se a reforma tributária
que tramitava há anos, sem avanços... A saúde e a cultura voltaram a ser valorizadas...
O desmatamento vem sendo reduzido e o Fundo Amazônia ganha mais e mais
contribuintes... Retomaram-se programas sociais importantes, como Minha Casa,
Minha Vida e Bolsa-família... As enchentes, deslizamentos e outras emergências vêm
tendo a atenção e recursos do governo federal... O equilíbrio dos poderes vem
sendo respeitado... Voltamos a ter credibilidade internacional e participar dos
fóruns decisórios importantes... Os investimentos estrangeiros no país cresceram...
Os BRICS voltaram a se ampliar e fortalecer...
Enfim, nem tudo está perfeito, mas o País melhorou indubitavelmente, e
nem uma imprensa parcial, defensora do “establishment”, consegue tapar o sol
que voltou a iluminar nossos dias. A maioria das pautas de notícias é positiva
para Lula e seu governo, e nada suscita saudades do governo anterior.
Por isso, o que resta à extrema-direita é retomar a pauta de costumes.
Voltamos, assim, a Jeferson Tenório e seu espetacular “O avesso da pele”. Mas
voltamos a ele não pelo conteúdo do livro, que justifica a admiração nacional e
internacional, mas por um par de palavras que uma professora provinciana – e,
na sequência, alguns estados governados pela direita, pois políticos estão sempre
farejando as oportunidades! – considerou chulas, inapropriadas para
adolescentes. Adolescentes, diga-se de passagem, que as usam com muito mais
frequência do que conseguem balbuciar a palavra “sim”.
Caralho, porra, buceta, puta que o pariu, cu, merda, chupa, e outros equivalentes,
fazem parte do vocabulário cotidiano da nossa gurizada. Aliás, não só dela. Dos
adultos, também. Aquele que alguns nomeavam “mito” esbaldou-se no uso de
palavras chulas durante todo o seu mandato, em pleno palanque governamental ou
em suas “lives” e, inclusive, na vergonhosa reunião ministerial preparatória do
golpe, exposta em horário nobre para as famílias brasileiras, por todos os canais
de televisão aberta.
Milei, a versão argentina do bozolóide, leva por lema aquele horroroso “libertad,
carajo!”, sem que nenhuma professorinha provinciana e moralista se levante em
contrário. (Realmente, os apoiadores da extrema-direita são difíceis de
compreender).
Por que haveria a literatura de distanciar-se da realidade e limitar o
vocabulário dos leitores, ao invés de engrandecê-lo? Por que condenar um autor
por uma curta sequência de frases, quando seu livro apresenta milhares de
outras que nos fazem refletir, entender a realidade que nos cerca e almejar um
mundo melhor? Teria algo a ver com se tratar de um pau preto e uma buceta
branca, interagindo com alegria?
Meu abraço solidário a Jeferson Tenório, que, aliás, deve estar a sorrir
com o aumento significativo das vendas de seu magnífico livro.
O que eles querem é reanimar o seu exército de tolos com uma pauta fácil
de deglutir. “Nome feio” é feio! E assim dominam as redes sociais com sua hipocrisia,
aliviando-se um pouco das pautas negativas que brotam de todos os cantos.
Não nos deixemos distrair. Discutamos e repudiemos a censura, mas
tratemos de lembrar a todos os detratores de “O avesso da pele”, que o “mito”
de seus críticos (asseguro que são todos bolsonaristas!) não sabe terminar uma
frase qualquer sem soltar um enfático “porra”.
Mais uma vez, sem que nenhuma professorinha provinciana e moralista se
levante em contrário.
- Miguel da Costa Franco -
Certeiro! Nem precisa desenhar.
ResponderExcluirGracias, Sérgio.
ExcluirMuito bom Miguel e necessário!
ResponderExcluirMuito bom e necessário!
ResponderExcluirMuito bom o teu enfoque!
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