Críticas

Sobre a novela "Os heróis do Parque Borowski":

1) Rosmarie Medaglia – médica - Acabei de terminar “Os heróis...”. Muuuito bom, me prendeu até tarde da noite ontem. A riqueza de detalhes, a trama bem urdida, as considerações das relativizações de perdas e ganhos, enfim... gostei demais! (...)

2) Sérgio Lulkin – ator e professor universitário - Caí no teu conto. Vinha despreocupado pela infância, já quase adolescência, daí avança para juventude e pá! Aquele susto, os rituais violentos que fazem amadurecer os jovens e os leitores. Bem, não são rituais porque são crimes (...) mas a dor e o aprendizado aos pedaços fraturados se tornam um pensar denso, ao final. Esse crescimento talvez seja o ritual necessário. Parece que há um tempo cronológico na escrita, sei lá, entre aquele autor que começou a novela e, passadas várias adversidades, esse autor de hoje e tudo que estamos enfrentando. Como sempre, em várias autorias tuas, uma reflexão profunda sobre os valores e o amargo que trava qualquer ilusão de heróis, méritos e suas comemorações. Essa novela merece uma rodada por escolas, conversas e escutas, a ver como é a recepção e o que resulta desse impacto.

3) Maria Ângela Machado – professora – O Miguel nos leva pela mão por caminhos que sentimos ter trilhado de alguma forma, tanto na empatia com os heróis da história, como no susto dos mundos simultaneamente paralelos e ali, vizinhos de casa. Nas nossas vidas pequeno-burguesas de província, as sombras do mundo externo transpiram à boca pequena nas conversas dos adultos e se apresentam brutais e sem redenção, porque tivemos coragem de ir atrás delas, sem escolha, e derramam o universo adulto sobre nós, com o que de pior podia acontecer: o fim do primeiro amor e da primeira amizade, dupla traição do destino. Os adultos se redimem nas figuras afetuosas e respeitosas do pai e da mãe, compondo a figura de um futuro adulto íntegro, ferido como qualquer adulto. (...)

4) Marcela Gros – assistente editorial – Hola, Miguelito. Anoche terminé de leer Os herois... Una vez más, leo un texto sólido, que no solamente no decae sino que tiene puntos altos. El mejor, el más logrado para mi gusto, es el momento creciente de tensión que se arma desde el paralelismo de lo que viven los amigos (...). Gran ritmo. Quedé atrapada en él (a pesar de no leer en mi lengua, algo que no es un detalle, ya que una cosa es entender y otra, sentirse envuelta por las palabras). Me encanta cómo la adjetivación que usas nunca es un adorno. Por lo general, me parece que ayuda en la medida justa a construir ambientes y sobre todo, la subjetividad de los personajes. La novela sobrepasa la calificación de “infanto-juvenil”, sobre todo por la vuelta del final: Cau deja atrás la infancia, descorre un velo y conoce algo de la vida que no le permitirá volver nunca a donde estaba antes. Me gustó mucho ese final (creo que es una de las cosas más difíciles de lograr en la literatura). Otra cosa que disfruté mucho fue la ambientación en una década en donde vos y yo fuimos niños. Si bien vivimos en ciudades diferentes, con culturas diferenciadas (sobre todo en esa época), aún habiendo leído acerca de lugares inventados, algunas descripciones, algunos diálogos me trasladaron a aspectos de mi infancia. (...) No leí muchas novelas del Brasil, pero sé que las tuyas son realmente buenas. Hay una frase, casi al final, que subrayé y pienso publicarla en las redes. No solo es muy linda sino que me hizo sentir que estaba escuchándote durante una charla con mate en el balcón de tu casa. (...)

5) Ingrid Schneider – funcionária da Justiça Eleitoral - Puro deleite! Conheci personagens e vivi experiências muito semelhantes. Por exemplo: tive que usar a praga do sapato de plástico Passo Doble. Caminhava 1, 5 km até a escola. Cultivei várias fantasias para me livrar desse incômodo: rasgar "por acidente", jogar da ponte!

6) Onélio Luís dos Santos – serventuário da Justiça e professor universitário – (...) Uma maravilha esse teu novo livro. Aliás, tenho e li todos e todos são excepcionais. (...)

7) Adriana Maschmann – escritora –  Estou passando por aqui pra dizer que li teu livro com o coração pulsando entre as mãos. Dizer como tu escreves bem é chover no molhado. Vou simplificar: me encantei com a narrativa madura, bem construída e irremediavelmente verossímil. Sigo à espera do próximo.(...) Teu texto é de uma autenticidade incrível. 

8) Mário Pool – escritor – (...) Maravilhoso! Me vi naqueles personagens.

9) Cláudia Sepé – escritora – (...) Difícil qualquer palavra para avaliar o livro (...). Tanta coisa de que me lembro, mesmo tendo nascido em 65: Botas Sete Léguas, os armazéns de secos e molhados, as tantas marcas de cigarro ( do Tufuma,realmente não lembro).Grapette também não peguei ou esqueci. Fora o enredo, os tais maníacos tarados, que volta e meia nos assombravam, (...) a decadência humana emoldurando as infâncias. Viajei no tempo. (...) É uma escrita madura , na forma e no conteúdo.(...) Amei!

10) Régis Kreitchmann – médico – Li e adorei. Muito bom acompanhar essa aventura e seus heróis. Recomendo a leitura.

11) Nelson Brasil Ferreira - funcionário público federal - Ontem (...) terminei os Heróis do Pq. (...) Borowski. (...) O prefácio do Giba Assis Brasil é duka. Perfeito. Conseguiu dizer o essencial em 3, 4 parágrafos. Sobre a novela Borowskiana ou Santa-luziense, a primeira dúvida: por que inserida nas Novelas Porto-alegrenses? De capital só a novela de estreia do Miguel. E outra questão que me veio: será mesmo novela ou um quase-romance. Bem, o tamanho, centrada em um personagem, tá bem, vá lá. Novela. Propriamente sobre essa novela policial prolegômica do Miguel, anterior às Imóveis Paredes, ao livro de contos e A filha do Dilúvio, bem construída, Miguel dá cores, formas, circunstâncias, sabores e cheiros (na maioria, fétidos) aos cenários. O leitor parece mergulhar nos locais e adentrar aos recintos, cômodos, pátios e parques. Fico pensando: Miguel e sua literatura são realistas, naturalistas? O pessimismo sobre o humano está desde a sua primeira novela presente. Mas, de fato, fico pensando o quanto esse olhar pessimista não é real. Outros e outras artistas conseguem esconder essa percepção humana e seu destino inexoravelmente pessimista e trágico. Miguel desde Os heróis do Pq Borowski parece fazer questão de aguçar e expor as entranhas mais recônditas das intenções e procederes humanos. Nessa novela, nos contos e em seus dois romances, me parece muito claro. A gente até torce prum happy end, mas sabe que não haverá concessões. A gente é o que é. Artistas verdadeiros não podem fugir do seu destino de serem compulsivamente obrigados a criar e botar pra fora o que carregam dentro de si. Caso de vida ou morte, instinto de sobrevivência. Esse quase-romance já mostrava o teu valor, Miguel. Como disse, perfeito o prefácio do Giba.

  

Sobre o romance "A filha do Dilúvio": 
 
1) Rafael Guimaraens - jornalista e escritor – 11/03/2021 – É uma história dura, inquietante e profundamente humana, pro bem e pro mal. E muito bem escrita. Envereda por caminhos surpreendentes e desconcertantes e consegue segurar a audiência até o final, que, aliás, bem, não posso avançar. Mas, leitor, não pense que vai sair dessa incólume. O livro vai te incomodar um bocado.

2) Jesus Cezar – bancário aposentado – 11/04/21 – Buenas, Miguel! A complexidade e a crueza da vida... Que leitura, meu amigo! Agora estou no pós-leitura, pura reflexão. Valeu! Iniciei ontem e não consegui parar... Muito bom!

3) Nelson Brasil Ferreira – funcionário público - 12/04/21 - E Rosas e Caçapavas proliferam pelas ruas de POA numa boa. Já cresciam feito grama desde o início da década passada.  Com Temer então parecem ter seguido a ordem divina: crescei e multiplicai-vos. Bem assim. Nas ruas de poa, mendigos abundam, rastejam, recolhem o pão de cada dia e noite nas lixeiras- containers das bordas de nossas imundas ruas. Orgânicos dejetos retiram e são retirados desses recipientes.  Quando passo, assustado, receoso, por vezes não sei distinguir quem é quem.  O que é o que. Ano passado, ao dormir meses na minha mãe, na Independência, em razão dos cuidados com a pandemia, cruzava com muitos Caçapavas, Rosas, Doralices e Furiosas Caolhas pelas ruas do Bonfim, Independência e Praça do Rosário, ao caminhar minha cota do dia/noite. Não lembro de essa calamidade ser debatida pela sociedade, nem mesmo em pré-eleição. Afora a comida que os mendigos recebem por caridade de alguns grupos, quase rigorosamente os ignoramos como sociedade. O que vale tanto conhecimento, estudo, especialização e tecnologia, se deixamos seres humanos viver feito dejetos. Lembramos deles pelo cheiro e asco que sentimos ao encontrá-los e evitá-los, atravessando a rua quando dá tempo. Ou ao ler um romance sensível e humano como o do Miguel. Mas logo os esquecemos e nosso pensamento voa para alguma praia de Punta del Este ou qualquer uma de nossas urgências e idiossincrasias. Somos uma sociedade fracassada de fato, desigual, desumana, irracional, injusta.

4) Ivan Fernandes – fisioterapeuta - 13/04/2021 –  Tchê, devorei o livro... Na capa, há uma linda síntese, pariste das entranhas, tá visceral mesmo. Não é qualquer escritor que faz isso com as palavras. Muito forte, desde o primeiro capítulo neandertalesco, o papo dos dois na beira da praia , enfim uma viagem totalmente incerta mas com o leme muito bem pensado e a âncora lançada na hora perfeita. Muito bom ter viajado nos diversos personagens e ter viajado pelos teus mares tempestuosos nesse dilúvio onde estamos à deriva. Um deleite! Parabéns! O teu Imóveis Paredes foi lançado à milionésima potência.

5) Rogério Dias Gonçalves – 14/04/21 – arteterapeuta - Terminei de ler o livro agora. Sensacional, Miguel! Adorei! Muito bem escrito, dinâmico, profundo. Emocionante em diversos trechos, jamais caindo na pieguice do melodrama. Já me coloco na fila pra ler o próximo. Parabéns!

6) Ana Valéria Bratkowski – 15/04/21 – funcionária pública – Bah, Miguel, fiquei às lagrimas com o inesperado e inevitável final, quer pelo fim da ficção ou pelo retrato da realidade. Parabéns!

7) Janine Haase – 16/04/21 – oceanóloga – Li “A filha do Dilúvio” em duas sentadas, deixando um gostinho de quero mais. Mergulhei na história, me senti partícipe, muito bom e triste. (...) Teus dilemas pessoais também são meus e permanecem comigo (...).

8) Maria Etelvina Guimaraens - 17/04/21 - procuradora do município - Acabei de ler! Impressionante. Muito bom mesmo. Vou ficar dias ruminando. De certeza! A Rosa me lembrou muito a filha de uma faxineira nossa. Acompanhei por mais de 10 anos as expectativas da mãe com o futuro da filha e o desespero diante da situação da guria nas ruas, que andava com seu carrinho de super, bebendo álcool e intumescida de crack. A impotência. Bah! Parabéns.(...) Muito real. O início me lembrou muito nossa turma do Menino Deus, que juntava os "riquinhos" das casas e apartamentos e os amigos “maloqueiros” das redondezas, antes da expulsão branca a que foram submetidos. Sempre tive a sensação de que iria um dia encontrar, eles ou seus nomes, nos processos da Prefeitura. Nunca aconteceu. Como disse, vou seguir ruminando. Teu livro não termina na última linha. Fica na cabeça.

 9) Lucas de Melo Bonez – 17/04/21 – professor e escritor – Bom dia, Miguel! Apenas passando para te agradecer por este livro tão extasiante. Não o terminei, (...) mas as falas dos contrastes sociais são muito ricas e impactantes. Parabéns! Excelente texto!

10) Ana Luiza Oliveira - 18/04/21 - arquiteta - Parabéns, teu livro me pegou do início ao fim, conseguiste juntar várias pontas de humanidade numa história só.  Falas daquilo que nos perturba, nossas culpas, inquietações, nossas contradições.  E ainda das nossas complicadas questões com relacionamentos.

11)  Regina Albuquerque  18/04/21 - arquiteta:  Sentei pra ler teu livro e não consegui desgrudar dele. Tocante, cheia de poesia a tua prosa... Gostei muito ! Dá um filme esta história, adorei o desfecho... Enfim, agora é digerir e vencer o banzo que vem depois de uma boa leitura!  Sou das pessoas que sublinha, conversa com um livro. O teu tá todo riscado.

12) Maria Mercedes Rabelo – 20/04/21 – socióloga - Terminei agora o teu livro . Excelente! As emoções, a escrita, a estória. Parabéns! Acho que alcançaste um patamar VIP. Os personagens ficam grudados na gente! Muito boa a construção de personagens! A Rosa e o companheiro têm uma humanidade que é difícil a gente conhecer. São personagens complexos, não esquemáticos. Isso é difícil e precioso.

13) Juraci Masiero – 21/04/21 – bancário aposentado - Acabo ler em 2 fôlegos, “A filha do Dilúvio”, belíssimo romance, meus parabéns! Que beleza os personagens, a precisa ambientação, a justa combinação da língua portuguesa com um rico regionalismo. Destaque também para o bom ritmo da trama e o esmero e paciência com que teceste os diálogos e narrativas. Senti um pouco de Rubem Fonseca no “teu João”.  Grande abraço.

14) Paulo Mendes Filho - 27/04/21 - fotógrafo - Fazia tempo que um livro não me acordava para prosseguir sua leitura.... comecei e não parei até terminar. Uma ótima condução, um certo suspense que te prende na história, descrição precisa dos fatos te levando enxergar as cenas e o cenário e uma ótima reflexão da sociedade atual - cruel, individualista, perversa e desumana. Nos faz perceber o quanto estamos descolados e despreparados para perceber a dura realidade de milhares de Dorinhas, Rosas, Caçapavas e Jerônimos, que estão dividindo a mesma cidade, mesmo país e nesse planeta. Vivemos em um dilúvio social em uma pequena arca, como se a travessia de poucos, fosse já o normal. Não é por acaso que a serpente do fascismo está presente; e bem à vontade querendo se instalar permanente no poder. Esse sistema, se foi um dia proveitoso para poucos, hoje já não é mais sustentável para humanidade.
Parabéns, no ponto!

15) Júlio Ramos Collares – 28/04/21 – arquiteto – Muito bom! Narrativa potente que mantém sua força do começo ao fim. Gostei da ambientação portoalegrense.  Livro delicado/porrada! Parabéns! 

16) Alexandre Schosser - 29/04/21 - psicólogo - Miguel conseguiu construir uma pequena joia nesse seu segundo romance. Um percurso pelos nossos subterrâneos. Das cidades e das nossas pequenas vidinhas encasteladas. Algo de podre corre por nossos esgotos, algumas vezes quando abrimos cheiram mal. Em outras, criam narrativas que ficam com a gente por sua beleza e capacidade de emocionar. A Filha do Dilúvio é um livro para os nossos tempos. E para além.

17) Liane Golbspan - 29/04/21 - médica - Retrato duro de uma realidade que está na nossa frente mas optamos por não enxergar. Te desejo muito sucesso.

18) Maria Avelina Gastal - 30/04/21 – escritora - Com uma narrativa envolvente, Miguel nos mostra que a distância entre o povo das casas e o povo das ruas é medida pela nossa cegueira. Muito bom. Parabéns, Miguel.

19) Liz Quintana – 06/05/21 – escritora, ilustradora e designer - Miguel, eu li, eu senti, eu vivi o livro A filha do dilúvio. Os personagens e seus conflitos, a história que se engendra e a cadência dos acontecimentos. Tudo carregado de emoção e de lembranças, da necessidade e do encontro. Li rápido pois a leitura é muito boa e fluída,  mas aproveitei cada linha. Parabéns por mais uma bela obra.

20) Daniel Juliano Soares - 07/05/21 - funcionário público -  O livro é muito bom, me prendeu nas duzentas páginas, acabei ontem à noite. É uma história muito atual, que nos é muito familiar, se passa em Porto Alegre. É impossível não se identificar na narrativa que relaciona um casal pobre e um de classe média. Um livro do nosso tempo, sobre a miséria humana e a empatia possível.

21) Juremir Machado da Silva - 08/05/21 - jornalista - Um livro que me chegou na última sexta-feira pelo correio e me pegou imediatamente é “A filha do Dilúvio” (Libretos), de Miguel da Costa Franco. É a história de quatro pessoas, Rosa e Caçapava, moradores de rua, e João e Sandra, figuras de classe média. Quando se cruzam, quando convivem, o que acontece? Como se relacionam? Não direi mais. Tenho certeza de que o leitor será fisgado por essa trama.

22) João Ribeiro Teixeira - 11/05/21 - engenheiro agrônomo - O livro prende nossa atenção desde o início, com a construção dos personagens e seus conflitos que acabam sendo muito familiares, afinal são nosso cotidiano em cada esquina, em cada sinaleira ou praça. São nossos projetos, conflitos e contradições diárias, mal resolvidas por uma inserção social mais favorável, que nos garante uma rede de proteção social e até direito a alguma “herança”, enquanto assistimos, as vezes espantados, a sobrevivência e a resiliência do povo que vive nas ruas, com seus códigos próprios à mercê da violência e do descaso da sociedade. O livro nos remexe por dentro e nisso o autor atinge nosso âmago e expõe nossas estratégias de sobrevivência, muitas vezes pautadas pela indiferença numa sociedade cada vez mais excludente.

23)  Fernando Franco - 12/05/21- administrador de empresa -  A Filha do Dilúvio balança as estruturas dos representantes desta classe média brasileira. O livro vai surpreendendo a cada capítulo. O livro escancara a nossa hipocrisia.

24) Rita Ramalho de Farias - 20/05/21 – bancária aposentada - Terminei "A filha do Dilúvio". A leitura foi fluída e leva o leitor a seguir adiante para saber o desfecho. Amei o enredo, triste, mas, retrata uma realidade que na maioria das vezes, deixamos de enxergar.

25) Caroline Rodrigues - 22/05/21 - escritora, tradutora e revisora - Resenha sobre "A filha do Dilúvio" publicada na revista Parêntese nº 76 

26) Marco Nedeff – 25/06/21 - fotógrafo - Do mesmo nível dos " Os Supridores e Torto Arado". (...) Emocionante e impactante. Amei esse livro! (...) Que tiro foi esse?? Você chegou na frente e deixou os outros comendo poeira...gostei muito mesmo do teu livro. Em mãos erradas poderia ter virado um livro meloso. Escrita madura! Eu já havia gostado muito do Imóveis Paredes mas esse é um soco no estômago. Parabéns!

27) André Roca – escritor, jornalista e promotor cultural – Um livro espetacular sobre questões fundamentais, mas por vezes esquecidas, nas relações humanas. Um retrato duro da sociedade porto-alegrense (e brasileira). Uma discussão muito importante sobre ingenuidade e responsabilidades. Um narrador muito convincente. Um enredo totalmente verossímil. O espaço como personagem. Tudo que se espera de um grande escritor como o @migueldacostafranco . Acabei hoje e quero uma continuação. Já visualizei até o livro virando filme.

28) Jorge Alberto Benitz – 27/07/21 – engenheiro - O livro “A Filha do Dilúvio” de Miguel da Costa Franco, Editora Libretos, revela um choque de mundos e suas consequências. Choque que faz balancar as certezas de um espirito engajado que se vê desafiado acerca da veracidade de suas convicções postas em uma situação limite. O ressurgimento de sua amiga de infância, literalmente, no quintal – está bem, é a garagem – de sua casa é uma construção literária fantástica que o Miguel consegue conduzir com maestria e verossimilhança.

Perpassa ao longo da narrativa o sentimento de culpa típico de alguém, no caso o personagem principal, pertencente a classe média alta, filho do juiz, que professa uma ideologia de esquerda, progressista e libertária. Alguém que na maturidade não abdicou do idealismo cultivado na juventude, como é muito comum, e que por isso se depara com toda a sorte de dificuldades e agruras que chegam ao ápice na situação vivida pelo encontro inesperado com seu passado. Situação que, com certeza, não aflige os que deram as costas para os ideais da juventude.

Para mim, oriundo da classe média baixa, confesso que soa estranho este sentimento de culpa mesmo não tendo dado as costas para os ideais da juventude. Alias, meu trajeto é diferente. Diferente do normal, pois, quando jovem eu era mais de direita. Quero dizer que, provavelmente, por ser oriundo de extração social e econômica mais baixa, diferente do personagem, não me sinto responsável pelo atual estado de coisas e, por extensão, não me sinto culpado por estar em uma situação relativamente confortável dado que para conseguir chegar aonde cheguei tive que batalhar muito. Não significa, tambem, que, em função disso, sou um adepto da meritocracia. Tenho suficiente discernimento para entender o quanto é desigual e desumana nossa sociedade de classes para discordar ideológica e moralmente dos que defendem o darwinismo social e econômico, mas isso é outra história.

Tratar da vida de moradores de rua com o realismo e a humanidade que Miguel trata é, literariamente, inédito e louvável nestes tempos de em que nos deparamos, geralmente, com narrativas envolvendo o modus vivendi de personagens , no mínimo, da classe média. A razão para que seja hegemônico este tipo de escolha de personagens é simples. Se escolhe o que conhece e poucos se aventuram ir além de seu mundo, pois, sabem que ao fazer isso podem incorrer em erros brutais na figuração e/ou descrição de detalhes de linguagem ou comportamentos e neste particular o autor empreendeu uma incursão bem sucedida, para satisfação nossa e da literatura gaúcha. Abordagem de um problema social grave que nunca se resolve, ao contrario, só piora com governos neoliberais que se pautam pelo darwinismo social, econômico, e tratam desta questão somente com repressão e indiferença.

O incomodo é outro elemento presente - e muito bem tratado pelo autor - na vida de João e Sandra que mesmo sendo sensíveis as dores e aflições de pessoas como Rosa, Doralice e Caçapava demonstram todo o seu desconforto natural com a presença deles em sua casa.

Outra questão interessante aflora quando Sandra sente um sentimento materno em relação a Doralice. Sentimento que a domina e, ao fim e ao cabo, se transforma em obsessão, levando tudo de roldão até que se consiga um novo equilíbrio do casal, de modo inesperado mas verossímil, em outras condições.

Por fim, o acento de sua narrativa, felizmente, não é naturalista. Seu olhar é marcadamente histórico, isto é, não se trata de um fenômeno social atemporal, tem raízes na realidade da cidade e visibiliza os moradores de rua que muitos tentam tornar invisíveis, achando que para isso basta desviar o olhar.

Esta é uma leitura que não tem pretensão outra que tentar, com os poucos recursos literários que disponho, dar uma opinião a mais sincera possível do que representou para mim ter lido esta ótima novela. Ah! Também é uma forma de dar parabéns ao autor e amigo. Desculpas pelos spoilers.

29) Cláudia Machado – 21/08/21 – professora - Sempre tive uma relação afetiva com o Arroio Dilúvio, desde de criança me encantava aquela água escura a fluir. Explicar que riacho não é valão, revela como Porto Alegre se relaciona com quem aqui vive. Nunca entendi porque sujar a água que vamos beber, como alguém pode justamente poluir algo tão precioso como a água? O Escritor Miguel Da Costa Franco me inspira a refletir sobre a complexidade das relações humanas e como ser/estar no mundo, até para uma existência que possa parecer banal. O livro já me ganha pela belíssima foto da capa, sim eu compro livros apenas pelo visual. No entanto, o que realmente me captura é uma escrita econômica, sem rodeios que vai abrindo inúmeros mundos paralelos dos personagens e de nós mesmos. Fui lendo e por vezes tive que parar para tomar fôlego, para refletir sobre algo, para deixar vir uma recordação. As imagens descritas no romance conversam com minhas lembranças de nossa "mui leal e valorosa" capital, que parece estar sempre em guerra, talvez ainda demarcando fronteiras ou serei eu e minhas lutas internas. Como ao mesmo tempo é difícil e é fácil ser feliz nesta cidade em que nasci. O livro A FILHA DO DILÚVIO, trata de importantes temas de desigualdade social, a distribuição de renda, a moradia, o amor, a maternidade e muitos outros. Ainda assim, o que arrebatou o meu coração foi pensar sobre o que significa nascer em determinado lugar e como nos relacionamos, sobre viver e conviver, tão parecido, porém totalmente diferente. Sobre que o olharmos para o lado teremos um Ser Humano exatamente como nós imperfeito e incompleto, mas com um mundo de possibilidades em sua existência. Esta leitura renasce em mim a esperança de ver o Riacho do Ipiranga límpido e a humanidade mais humana. Gratidão às escritoras e aos escritores que nos provocam na busca do que há de melhor em nós! Como diz o poeta Gonzaguinha: 

"Fé na vida, fé no homem, fé no que virá

Nós podemos tudo, nós podemos mais

Vamos lá fazer o que será..."

30) Anton Roos – 21/08/21 – professor e escritor – Livraço, sem mais. Se tiverem oportunidade, leiam.

31) Carlos Gerbase – 14/10/21 – cineasta - História emocionante e muito bem escrita.

32) Sérgio Lulkin – 17/10/21 – ator e professor universitário - Miguel Da Costa Franco, em “A filha do Dilúvio” (Ed. Libretos), passa da ficção à hiperrealidade ao prenunciar algo que ganhou dimensões trágicas com o descaso e o crise sanitária de 2020 até agora. Aquilo que era um temor, uma aproximação desmedida entre humanos à deriva e um casal no conforto do seu lar, ganha dimensões incalculáveis de miséria humana. E, como se lê em vários escritos do Miguel, ele traz alguma esperança quando a filha do dilúvio passa a ser promessa de futuro. Tudo incerto, bem se sabe. Se no seu lançamento “A filha do Dilúvio” provocou incômodos e mexeu nossas entranhas, hoje, diante da vala comum onde milhares se foram pelo descaso e má-fé e a fome estampada em cada esquina, o livro segue impactante e se apresenta como um instantâneo, breve recorte de vidas fotografadas num enquadramento doloroso.

33) Gabriela Coral – médica e escritora – 02/01/2022 - Primeira leitura do Ano! Excelente! Miguel nos faz refletir muito, o que, para mim, é a mais importante função da literatura. Mas vai além! Desperta emoções, aguça a curiosidade e nos presenteia com frases poéticas, delicadamente esculpidas. Parabéns Miguel e Libretos Editora.

34)  Adriana Maschmann – escritora e revisora – 12/01/2022 – (...) li “A filha do Dilúvio”. Necessário, consistente, arrebatador. (...)

35) Carlos Schmidt – professor – 19/01/2022 – Devorei o livro. Trama magnífica, história emocionante. Que prazer a leitura!

36) Bruno Cena Macedo – professor e colunista em revista de cultura – 02/2023 - Há livros que a gente fica remoendo após cada página lida, este é um desses. Há livros que nos cansa, uns que não fluem e outros demoram muitíssimo para fluir, o que não acontece com A filha do dilúvio. A escrita do gaúcho Miguel da Costa Franco é daquelas que segue o fluxo que tanto esperamos em uma boa leitura, não que a gente fique esperando o que vai acontecer como aqueles papos de leitores superficiais, pois não acredito que a boa leitura é aquela em que se espera acontecer algo. O livro, a narrativa, o que está ali escrito já é por si só um acontecimento. Fiquei deveras embolado com os embates da Sandra e do João e só depois fui perceber o quão eram cúmplices um do outro, o quanto se amavam. De início nutri uma certa repulsa pelo Caçapava, uma piedade demasiada pela Rosa e medo da cadela Furiosa. Quanto ao Jerônimo, é perceptível que se trata de um crápula. Um romance (...) que envolve um casal de classe média que flerta com a burguesia, mesmo sabendo que esta fede e que na volta de Punta del Leste encontra um casal de mendigos, uma cadela, um bebê recém nascido e um emaranhado de tralhas em sua garagem e tudo toma caminhos totalmente novos a partir do contato daqueles estranhos não tão estranhos como julgava minha vã filosofia. "Passado tanto tempo, ainda sigo evitando o contato com esses seres incômodos espalhados pelas ruas e parques ou faço de conta que não os vejo. Sinto uma ponta de medo. Tenho um tanto de desprezo. Por vezes, sinto asco. Quiçá, eu esteja desumanizado. Mas eu não estou só. Nós somos muitos, uma imensa maioria. Estamos anestesiados pela frieza." (Pág. 197)


Sobre a coletânea de contos Não Romance:



1) Laura Castilhos - artista plástica e ilustradora - facebook – 06/10/18 -  "Não Romance é um baita livro do Miguel da Costa Franco. Recomendo!

2)  Sérgio Lulkin – ator e professor universitário - facebook – 07/10/18 – Alguns contos afagam diversos sentimentos. Outros acordam, sem mais, safanão nas ideias. Recomendo.

3) Anton Roos – escritor - whatsapp – 30/10/18 – Livraço.

4) Caroline Rodrigues –  escritora,  professora e tradutora - facebook – 11/07/2019 – É mesmo um ótimo livro.

5) Jussara Nodari Lucena –  escritora - Whatsapp – 14/05/2019 – Os livros são excelentes. Recomendo. Tanto um como o outro.

6) Rafael Guimaraens - jornalista e escritor – facebook – 11/07/2019 – O livro é ótimo.

7) Luis Augusto Farinatti -  escritor e professor universitário - Messenger - 13/11/19 -  (...) Gostei muito do livro. Há um pouco de narcisismo aí, porque encontrei comunhão de alguns interesses e temas (como a vida interiorana) com minha própria escrita. Há um eco do Faraco, como também reconheço na minha escrita, na medida certa, com influência mesmo (no tom, nos temas). Ou me engano? Disseste que é uma coleção heterogênea. De fato, há variedade de temas e, em alguns casos, de estilo. Mas não vejo isso como problema. Para mim, os contos mais memoráveis foram "Abobados da enchente" (não cresci em Porto Alegre, mas numa cidade de 10 mil habitantes cortada por um rio, conheço a expressão, conheço a situação, muito bem tratada neste conto); João e Luzia no Café Tom Tom ("Novembro..."); "A morrinha do quartel" (gostei muito da "voz" do menino e do foco narrativo construído nele, podia ficar trivial, era um risco, mas não, na verdade ficou excelente); "O aprendiz de louco-louco" (gostei dos tempos dentro do tempo neste conto). Todos esses formam um conjunto bem homogêneo. Mas gostei muito também de um que, esse sim, parece bem diferente de todos "Cinco a menos" (terminei a leitura olhando longe, isso é bom).

8) Maria Avelina Fuhro Gastal - escritora - site da Amazon - 10.02.2020 - Pureza, sensibilidade e consistência. Não Romance nos traz  personagens que vão além das aparências , dedilhando as dores e incongruências humanas e sociais com precisão e respeito. A linguagem é direta, transparente, sem deixar de provocar um mergulho naquilo que está contido além delas. Vale muito a leitura.



Sobre o romance Imóveis Paredes:

1) Ana Luiza Azevedo - cineasta - facebook – 30/03/15 - É um belo romance.

2) Clô Barcellos – editora – 02/04/15 - Um misto de romance, denúncia, desabafo. E um amor residual inerente que não nos abandona apesar de tudo. Belo.

3) Rafael Guimaraens - jornalista e escritor - facebook – 02/04/15 - Sabe um livro bom, mas bom, bom mesmo? É o livro do Miguel. O único problema é que a gente termina de ler e continua aquela vontade de continuar lendo. - facebook - 13/08/17 - (...) O livro é ótimo, contemporâneo, com um grande personagem e muito bem escrito.

4) Jaime Cimenti - articulista do Jornal do Comércio – 17/04/15 - Estréia madura, texto seguro, fluente.

5) Fernando Ramos (Festipoa Literária) – Festa da Leitura – 18/04/15 - O livro é muito bom, recomendo a todos a leitura. Qualidade surpreendente para um romance de estréia. (...) Imóveis Paredes é um livro bastante necessário no momento atual de crises agudas em nossa cidade, Porto Alegre, e no país.

6) Flávio Azevedo – professor de Literatura - facebook – 20/04/15 - Miguel é um grande construtor de personagens e de cenários. O Teté é um baita cara, a Dasdô também, até a Bebel, que aparece pouco, ficou densa. Os conflitos são bons e verdadeiros, e a solução para o roteiro surpreende positivamente. Ótima leitura.

7) Sérgio Lulkin – ator e professor universitário - 18/07/15 - (...) Li em três lufadas e um suspiro. (...). Escuto duas vozes: a reflexão e a indignação. Vibro com a clareza e com a precisão dos impropérios no momento auge de desgosto, de raiva, de impotência do Eleutério - também não quero revelar em demasia - e compartilhamos entre várias pessoas aquele sentimento. E a voz densa, reflexiva do homem maduro e desorganizado em seus sentimentos pessoais - afetos, amores, familiares - me parece quase um outro livro. A filha, que também demanda mais informação ao final, posto que vem como um eixo ao longo das questões do Teté - parece que se resolve de súbito através do afeto recuperado com Graça - algo como um "amor de pai" que se acalma com o amor de "parceiro" - num gesto de parceria que serve às duas figuras. Será que viajei na psicanálise? Muito boa leitura, ágil. Especialmente para dias chuvosos, não é solar, tem tristezas e dores finas. E uma esperança nublada, amores a beira-mar, por diversas ruas e lugares imediatamente reconhecíveis, seja aqui, seja acolá, por Santa Catarina. (...)

8) Carlos Garcia - editor do site Culturíssima (http://culturissima.com.br/colunistas/um-livro-sobre-especulacao-imobiliaria/ ) – 23/01/2016 - artigo "Um livro sobre especulação imobiliária"
   É um livro sobre especulação imobiliária. Isso foi tudo que o vendedor me explicou sobre o romance Imóveis Paredes (Libretos, 2015), de Miguel da Costa Franco. E não poderia haver descrição melhor. A narrativa é, acima de tudo, sobre a especulação imobiliária em Porto Alegre. O autor propõe uma reflexão acerca do poder que as grandes construtoras exercem sobre as pessoas, a paisagem e o cotidiano da cidade.
   O título é uma referência clara ao tema, mas tem duplo significado. Além de um não à demolição, também trata-se do nome da imobiliária de Eleutério Paredes, o personagem principal da história. O corretor-protagonista passa a trama inteira sofrendo pressão de uma grande construtora para vender seu imóvel. A empresa quer executar o projeto de construção de um condomínio residencial, ocupando um quarteirão inteiro no coração do bairro Rio Branco. Eleutério, porém, é o proprietário mais resistente às negociações. A situação chega ao ponto de sua casa ser a única de pé na área de interesse da construtora. Mais do que isso, começa a sofrer fortes represálias em razão da sua resistência.
   O mais interessante é que, durante a história, o narrador compartilha com o leitor os sentimentos de Eleutério sobre a questão da venda do imóvel. É demonstrado o quanto qualquer pessoa razoável é frágil diante do sistema. Embora a narrativa arme uma armadilha que sugere o protagonista como herói, as próprias reflexões do personagem vão desmentir essa hipótese.
   Eleutério é apaixonado e apegado pelo casarão que herdou de seu pai. Por ele, jamais deixaria de morar ali. Mas nem as pessoas mais próximas o ajudam a resistir a pressão. Ao contrário. Sua funcionária da imobiliária, ele descobre que é, na verdade, sua irmã. O pai havia dado uma pulada de cerca, mas ninguém jamais tocou no assunto. Até que ela joga a questão na mesa e aproveita para pedir parte dos bens de Eleutério, no caso, um dos apartamentos que a construtora daria em troca do casarão. Sua filha, por sua vez, não está nem aí para o que Eleutério faz, mas da mostras de que considera uma idiotice não vender o imóvel.
   Por causa da opinião e pressão dessas duas mulheres, Eleutério passa a pensar com mais força na venda da casa. Sem contar que a proposta da construtora é, realmente, irrecusável do ponto de vista financeiro. Ele sabe disso. É do ramo e conhece bem os valores do mercado imobiliário. Em sua tentativa de decidir o que fazer, ele pensa mais na família do que nele mesmo e por isso é fisgado. É quase impossível, seja cedo ou tarde, não aderir ao que o modelo político-econômico vigente propõe. Eleutério vai longe em sua resistência, mas, independente de aceitar ou não a proposta, seu dilema interior do vende, não vende confessa que sua convicção foi posta à prova.
   Quanto ao estilo, o autor apresenta um texto simples e rápido. Mesmo algum floreio que possa aparecer, não na linguagem mas na história, não chega a constituir um obstáculo no texto.
   Imóveis Paredes é um livro que o valor ideológico ultrapassa o valor literário. A reflexão que o autor propõe é importantíssima para Porto Alegre. É um alerta. Há anos a cidade vê suas edificações históricas sendo demolidas para dar espaço a condomínios gigantescos. Além de apagar a memória, os novos empreendimentos impulsionam cada vez mais o isolamento das pessoas em relação a cidade. Até onde queremos chegar em termos urbanos?
   Essa é uma questão que, certo, já é pensada pelos interessados, como a administração pública, as construtoras, os profissionais de arquitetura, urbanismo e engenharia, etc. É importante, todavia, que a participação se torne mais ampla. E talvez o livro de Miguel da Costa Franco seja o ponto de partida para que o público envolvido direta e indiretamente, isto é, o cidadão em geral, se interesse ainda mais pelo assunto. Assim pode ser que esse tema tão importante ganhe mais notoriedade, enriquecendo o debate e melhorando a cidade.

9) Antônio David Cattani – escritor - 05/04/16 - (...) Embora nunca tenha feito crítica literária gostaria de registrar alguns pontos que me deram uma ótima impressão. Primeiramente, o título é excelente. Em segundo lugar, tua escrita é muito boa, com formulações precisas e sensíveis. (...) Mas, o que eu mais gostei foi a crítica mordaz e pertinente ao processo de destruição da cidade. Porto Alegre nunca foi uma cidade ideal mas os predadores imobiliários estão conseguindo torná-la inóspita, embrutecida pelas construções tipo pombal. A comparação é deliberada: pombas urbanas são ratazanas com asas e os moradores desses grandes conjuntos se parecem com elas. (...) Teu livro relata com precisão o comportamento prepotente e criminoso das incorporadoras e a luta inglória de alguns poucos resistentes. (...)

10) Jussara Lucena – escritora - 05/10/17 - (...) A história é ótima, os acontecimentos verossímeis e as personagens muito bem delineadas e coerentes. (...)

11) Marcelo Spalding – escritor e professor de escrita criativa - 21/10/17 – (...) Gostei muito da temática que você traz e a forma como a trata. O relacionamento entre o protagonista e sua funcionária/meia-irmã também é muito rico. Também me surpreendeu o final, um final realista mas otimista, não trágico ou definitivo.

12) Maria da Graça Rodrigues - escritora - 29/06/18 - O romance do Miguel é ótimo, li e recomendo.

13) Ketlen Stueber - Mestre em Comunicação e Informação -  No link, a tese de mestrado "Porto Alegre literária no início do Sec. XXI - Representações sobre a cidade", que analisa o imaginário da cidade a partir dos livros Meia noite e vinte, de Daniel Galera, Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e Imóveis Paredes, de Miguel da Costa Franco.

14) Tércio Ricardo Kneip - escritor (autor de "A suicida da sexta-feira", "Depois dos temporais" e "Super Medeiros") - 27/10/2019 - Planura faz muita falta De tão artificiais circunstâncias vivemos destituídos de planura na paisagem. Sem ela o efeito promove em nossa capacidade de atenção, certo exílio enigmático, produzindo o olhar distante sobre a existência construída para cálculo de precisão. Na trama especulativa o personagem busca saciar a alma com as belas considerações do desejo. Espécie de sinal de aviso e socorro mudo. É a alma entre paredes imóveis que, partindo da essência figurada dos objetos, sugere mais certeza do que imprecisão. Exatidão asfixiante no qual estamos todos inseridos. No autor temos o cronista. Cronista que será sempre arte em todos os gêneros literários que desejar. Verdadeiro banquete aos leitores esfomeados de estilo. “Imóveis Paredes” trazem em si trocadilho altamente bem elaborado numa dose de humor tranquilo. Receita de estilo: escrita confortável. Fluência incrível, afável, refrescante. Mesmo no aperto da trama, temos o lenitivo da voz narrativa como artifício poético. Os mais afoitos haverão de tratar como “alienação prática” porque a vida bem vivida entre percalços é traduzida como hedonismo suave em todos os momentos da obra. No tema-pretexto temos sim uma “crítica severa” ao mundo sem planura. Natureza devastada pelo acúmulo de tijolos, pedaços de coisas carregadas vertiginosamente. Ó mundo humilhantemente demarcado pela especulação até que o especulador acaba esbarrando em seus próprios passos. Na menor contingência e zás! Queda. Queda sobre o risco para incerteza do lucro. Mundo quadriculado recortado e especulado por todos os lados emparedando existências. Eis a ficção desvendando o real porque o personagem se recupera como ocorre com grandes especuladores. Embrenha-se em fuga geográfica em praias paradisíacas. Confesso que até a metade do romance quis afiar minhas unhas para reclamar da ausência de pássaros sobre a beleza descritiva dos aspectos geográficos e botânicos. Para instigação da estrutura. Estrutura perfeitamente alinhada ante a querida e exuberante Porto Alegre. Procurei “sabiá” que exibe seu canto no alto dos edifícios. Tinha que ter sabiá. Magnífico e redentor. Leitor bobo disposto a reclamações rápidas e imprecisas. Encontrei para meu alívio estas criaturinhas mágicas e até os “pássaros marinhos” que não poderiam faltar na obra romanceada de cronista nato. Nada faltou. Nada faltou para que pudesse firmemente demonstrar a verdade e a sinceridade andando juntas na amizade desinteressada deste crítico não autorizado. O fato é que fiquei duplamente feliz. Primeiro porque Miguel é escritor gaúcho da nova geração com todas as qualidades dos grandes escritores gaúchos nacionais. Segundo porque Porto Alegre estava exigindo silenciosamente uma voz brasileira universal em meio ao sertão frio urbano do sul. Pois é daqui deste sertão frio que lhe envio minha grata satisfação com abraço por obra tão excelente. Devo contar que desde aquela noite em que li algumas crônicas na pastinha, naqueles bons tempos do Pasquim Sul, voltei para casa repetindo mentalmente: o Miguel da Costa Franco é escritor e dos bons. O tempo não me enganou. 

2 comentários:

  1. João Ribeiro Teixeira11/05/2021, 16:41

    A filha do Dilúvio - O livro prende nossa atenção desde o início, com a construção dos personagens e seus conflitos que acabam sendo muito familiares, afinal são nosso cotidiano em cada esquina, em cada sinaleira ou praça. São nossos projetos, conflitos e contradições diárias, mal resolvidas por uma inserção social mais favorável, que nos garante uma rede de proteção social e até direito a alguma “herança”, enquanto assistimos, as vezes espantados, a sobrevivência e a resiliência do povo que vive nas ruas, com seus códigos próprios à mercê da violência e do descaso da sociedade. O livro nos remexe por dentro e nisso o autor atinge nosso âmago e expõe nossas estratégias de sobrevivência, muitas vezes pautadas pela indiferença numa sociedade cada vez mais excludente.

    ResponderExcluir
  2. Que belo registro, muito bom! E organizado. Dale, Miguel!

    ResponderExcluir