quarta-feira, 9 de junho de 2021

Reseña de "A filha do Dilúvio"

                                                                                        Por Marcela Gros 

   Terminé de leer la nueva novela de Miguel da Costa Franco. Desde la primera página, de la mano de un lenguaje transparente, comencé a habitar la historia de sus personajes. Me dejé llevar por un ritmo de narración que no decae, por un discurso cuidado al milímetro en pos del abordaje de una realidad durísima.

   De entrada, sin preámbulos, el autor nos sumerge en la historia a través de una trama sólida, una construcción que va creciendo en tensión por medio de un relato carente de lugares comunes, donde forma y contenido guardan sorprendente armonía.

   Es notoria la búsqueda de la palabra justa, de esa que nombre y defina. No es por aproximación, no es con un sinónimo difuso o ambiguo. Es el uso de un lenguaje que se despliega en un amplio abanico y que nos permite acceder a la intimidad de los personajes y también a los hilos invisibles que los vinculan.

   Con precisas descripciones que se intercalan y que, lejos de ser simples adornos vacíos, aportan profundidad a la narración, la historia nos invita a asomarnos al espejo y nos muestra la falsa idea de la distancia. La distancia entre los personajes, la distancia entre nosotros, lectores, y la historia, que no es solo de los personajes. Una invitación a mirarnos en el espejo y vernos en él, sin excusas.

   Una ficción que evidencia hasta qué punto lo personal y lo colectivo se relacionan y que, en su verosimilitud, conmueve a través de un narrador que aparenta mostrarnos los acontecimientos desde afuera (o desde arriba) para mostrarse, finalmente, inmerso (como todxs nosotrxs) dentro de la misma historia.

   “A filha do Dilúvio”, desde una mirada amplia, con equilibrio de inteligencia y sensibilidad, nos introduce en un escenario que nos interpela en lo profundo. Sin recursos mitigadores, sin eufemismos, Miguel da Costa Franco expone ante nosotros una realidad cruda desde una escritura que ha ganado madurez y vuelo.


Marcela Gros cursó estudios de Letras en el Instituto Superior del profesorado Joaquín V. González y en la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires (UBA). Es correctora de textos, libros, tesis y artículos, poeta, autora del libro “Desde el tiempo detenido” y de otros poemas publicados en el “Libro de los talleres IV” (ed. Dunken), puericultora y cantante de música coral de cámara.

  


RESENHA de “A filha do Dilúvio”, de Miguel da Costa Franco (tradução do autor)

                                                                                     Por Marcela Gros

   Acabei de ler o novo romance de Miguel da Costa Franco. Desde a primeira página, de mãos dadas com uma linguagem transparente, comecei a viver a história de seus personagens. Me deixei levar por um ritmo narrativo que não decai, por um discurso cuidadoso ao milímetro, em que pese a abordagem de uma  realidade muito dura.

   Desde o início, sem preâmbulos, o autor nos faz submergir na história através de um enredo sólido, uma construção que cresce em tensão através de um relato desprovido de lugares comuns, onde forma e conteúdo guardam surpreendente harmonia.

   É notória a busca pela palavra justa, aquela que nomeia e define. Não é por aproximação, não é com um sinônimo difuso ou ambíguo. É o uso de uma linguagem que se desdobra num leque amplo e que nos permite acessar a intimidade dos personagens e também os fios invisíveis que os unem.

   Com descrições precisas que se intercalam e que, longe de serem simples ornamentos vazios, dão profundidade à narrativa, a história nos convida a olhar no espelho e nos mostra uma falsa ideia de distância. A distância entre os personagens, a distância entre nós, leitores, e a história, que não é só sobre os personagens. Um convite para nos olharmos no espelho e nos enxergarmos nele, sem desculpas.

   Uma ficção que evidencia em que medida o pessoal e o coletivo se relacionam e que, na sua verossimilhança, passa por um narrador que aparece para nos contar os acontecimentos desde fora (ou de cima) para se mostrar, enfim, imerso (como todes nós) dentro da mesma história.

   “A filha do Dilúvio”, em uma perspectiva ampla, com equilíbrio entre inteligência e sensibilidade, nos apresenta um cenário que nos desafia profundamente. Sem mitigar recursos, sem eufemismos, Miguel da Costa Franco expõe diante de nós uma crua realidade a partir de uma escrita que ganhou maturidade e voo. 


Marcela Gros cursou estudos de Letras no Instituto Superior del profesorado Joaquín V. González e na Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires (UBA). É revisora de textos, livros, teses e artigos, poeta, autora do livro “Desde el tiempo detenido” e de outros poemas publicados no “Libro de los talleres IV” (ed. Dunken), puericultora e cantora de música coral de câmara.

  

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