Reconhecemo-nos:
nossos olhos,
doces magnetos.
Batedores ousados, teus dedos
Escalaram as sendas do meu peito,
invadiram a selva rasgada dos meus cabelos.
Capitã dos nossos desejos, salpicaste
luminescências sobre um corpo
sensível ao canto das sereias.
Estranhamente, o teu cheiro
não era de mar; tinha, sim,
um quê de jasmim-estrela.
Me entontecias.
Me afogavas.
Me puseste mareado.
Feixe de labaredas, a carne rubra,
arrulhaste impossibilidades
e promessas afobadas.
A dor difusa da incompletude
Invadiu-me o corpo,
lenta, vã, inexorável.
Tua boca era um vulcão aceso.
Minhas ânsias por ti,
me deixavam sem ar.
Trocamos um único beijo
antes de partires, longo,
ardoroso, promissor.
Infecto e mortal,
como vim a saber
depois.
- Miguel da Costa Franco -
- Miguel da Costa Franco -
poema publicado no Não 84 (Não da Quarentena), de novembro de 2020
Uau.
ResponderExcluirUfa! Mortal!😷
ResponderExcluirEros e Tanatos, taquiuspa!
ResponderExcluirAs histórias são sempre repetitivas, né?
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